Livros de poemas de Ediney Santana |
Pequenos poemas
para certas angústias cotidianas. A verdade é que não consigo ficar indiferente
a esse lixo político que tomou conta do nosso país, é preciso atacá-lo, mesmo
que seja de uma maneira simples e utópica como através de poemas escritos em
apenas um mês no meu apartamento na Rua 5 em Brasília.
Os organismos
criminosos que sitiaram a política brasileira tem levado a morte milhares de
pessoas, seja pela violência urbana e rural, pelo empobrecimento intelectual
forjado na degradação do sistema público de ensino ou pela destruição do
sistema público de saúde. A morte precoce tem sido o horizonte para milhares de
brasileiros reféns de um Estado predador e assassino.
Não é possível
ser livre e ser filiado a qualquer partido ao mesmo tempo, não se combate estruturas
podres fazendo parte delas. Proliferam no país movimentos sociais e artísticos
chamados “chapa branca”, ou seja, os que são controlados ou emprestam suas
vozes aos sistemas políticos parasitas. Sei que declarar-se publicamente contra
toda essa estrutura é praticamente morrer para qualquer ação ou movimento
cultural, mesmo que seja uma feira literária em uma escola, mas e daí? Nenhum
sistema político é inquestionável ou isento de falhas, nenhuma visão de mundo
seja esquerda ou direita é modelo perfeito de ação política. Democracia é o
direito de duvidar, questionar, apontar contradições e quem nega isso afirma
sua condição déspota e descrença em um mundo no qual mais que direita ou
esquerda tenhamos a liberdade intelectual de escolher nossos caminhos, nossas
crenças ou negação delas, viver em democracia não é servir-se do país, é servir
ao país.
Você tem o
direito de discordar das minhas posições, mas não tem direito de querer calar minha
voz e impor a sua. Não sou de direita ou esquerda, nada disso me comove ou me
toca, mas você tem o direito de empunhar a bandeira que bem desejar, só não
esqueça: sua bandeira não é a única, não universalize seus sonhos fomentando
pesadelos em mim.
Para mim
esquerda ou direita são partes dos mesmos organismos, todos em algum momento
usam da estrutura do Estado para fortificarem suas próprias estruturas de
poder. Política partidária no Brasil é sinônimo de morte e crime. Sei da
importância da política, mas nada que temos no momento se parece com política,
é lamentável que legendas políticas aqui sejam searas de mercadores da
barbaria, do medo e da desolação social.
Rua 5 é o único
livro de poemas meu no qual todas as poesias foram escritas pensando nas
relações do poder político e a sociedade, não é um livro de negação política, é
um livro de negação dessa política déspota e fascista que cotidianamente nos
leva ao inferno de viver em um país que tem tudo para neste exato momento ser
grande e maravilhoso, mas é mantido artificialmente na mesquinharia social.
Rua 5 é um livro
de poemas, não um tratado sociológico ou coisa parecida, como poemas é arte, não
tem resposta alguma para questão alguma. Há provocações, acidez poética e meu
desejo de viver em lugar digno da sua grandeza enquanto terra, mar e céu.
Ediney Santana
Brasília, 28 de
dezembro de 2015
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